Capítulo 6: Dragões não fazem nenhum SENTIDO BIOLÓGICO!
Ergui os braços esperando ver aqueles raios dos meus sonhos e Ramona me encarou
- Que parte de "não temos controle sobre nada" você não entendeu?
O dragão pareceu ter ouvido Ramona, virou seu alongado pescoço para nós e encarou com ira no olhar. De suas narinas, saiu um expirar furioso, suas garras, antes fincadas na torre impedindo que ele caísse, estavam se soltando aos poucos, possivelmente se preparando para levantar vôo. Ramona e eu nos entre olhamos, eu estava esperando uma orientação da maior invasora de sonhos do mundo ( e provavelmente a única) e, graças a Deus, ela me deu o melhor dos conselhos naquele momento:
-Corre.
Corremos. O dragão ignorou aqueles dois idiotas que vieram, deram uma olhada e saíram as pressas logo em seguida. Continuamos correndo, nós dois provavelmente tivemos a mesma linha de raciocínio: quanto mais espaço entre nós e o dragão melhor.
- É assim tão importante impedir que sua namoradinha tenha uma noite mal dormida?
- Eu quero que ela me veja nos seus sonhos, talvez isso faça ela reparar em mim na escola também.
Minha irmã me deu um tapa e saiu andando, ela fazia isso quando sentia que o que eu disse não era digno de resposta. Eu a segui.
- Não faz isso!- eu dizia enquanto puxava ela pela blusa- se algo der errado então nós acordamos lá fora, não há porque temer.
- Então por que suas pernas estão tremendo?
Quando olhei para baixo notei que minhas pernas realmente tremiam, o que não fazia muito sentido, eu já não estava mais com medo. Naquele momento, notei também que meu coração estava acelerado. Fisiologicamente era possível notar sinais de medo em mim, mas ainda assim, eu não sentia o medo.
- Invadir sonhos também tem suas consequências garoto. Tanto quanto um pesadelo te faz acordar suado e ofegante as vezes, os pesadelos dos outros fazem o mesmo. Seu corpo simplesmente não sabe que isso aqui tudo é falso, seu primeiro instinto é sentir medo.
Soltei Ramona e pensei um pouco. Logo depois, respondi:
- E se nós de alguma forma fizermos ela se sentir melhor? Pesadelos tem fonte em alguma coisa não é?
Ramona colou o dedo indicador ao queixo, estava pensando também. Minha irmã tinha o hábito de tomar decisões de automático as vezes, quando as coisas ficavam muito difíceis ou muito perigosas ela fugia, sempre dizia que não valia o esforço ou o risco nesse tipo de situação. Por sorte eu aprendi a lidar com isso, bastava pressionar ela um pouco que ela vinha com um plano genial completo. Como agora.
- Ok, isso aqui vai ser digno de alguém que largou o curso de psicologia no segundo ano, escute Arthur - atentei os ouvidos para ouvir com calma o que minha irmã tinha a dizer - a biologia é um tipo de zona de conforto da Rosa, onde ela sente que consegue prever e controlar tudo. Aquele dragão tá indo contra tudo o que ela pesquisou, ela não tem medo do fogo ou das garras, seu medo é a falta de controle.
Não pude deixar de erguer uma sombrancelha em confusão, Rosa não era controladora, era a menina mais linda perfeita e maravilhosa de todas. Ela simplesmente não tinha defeitos. Ramona continuou:
- Pessoas controladoras tendem a desenvolver hábitos repetitivos, como deixar o chocolate derreter um pouco na embalagem antes de comer, ou desenhar sempre o mesmo animal.
- Você tá obviamente errada, Rosa não é controladora, o chocolate fica bem melhor assim, fica mais cremoso e...
- Mais cremoso? Só fica mais nojento e grudando na embalagem, você só vai se melar todo.
- Rosa não fica nojenta, fica com pequenas gotinhas de chocolate perto da boca, é muito fofa.
- Mas você fica nojento. Se eu ver você comendo chocolate desse jeito eu te jogo em algum orfanato!
Ramona e eu brigávamos enquanto o dragão subia a torre cada vez mais. Demorou, mas nós montamos um plano, e, tudo que o dragão viu foi uma mulher louca, com cabelos azuis bagunçados e óculos de lua correndo próximo a ele. Ramona gritava como se estivesse louca. Tacava pedrinhas no gigantesco animal, afim de irrita-lo. Bem sucedida, Ramona gritava comigo enquanto corria da fera que descia em sua direção:
- VOCÊ ESTÁ ESPERANDO O QUE???
Entrei correndo pela porta da torre, era de madeira velha e muito deteriorada por cupins, nada difícil de arrombar. Quando finalmente entrei, dei de cara com escadas que rodavam até um quarto que ficava tão alto que eu nem podia ver. Óbvio que Rosa estava ali, corri para as escadas e subi depressa, não sabia se o plano de Ramona daria certo, mas eu precisava tentar. Degrau após degrau eu subia, não tinha corrimão e a escada era grudada nas paredes da torre então eu tinha dificuldade em me equilibrar enquanto mantinha a velocidade. Ouvi um rugido vindo não de muito longe, e, logo em seguida, vi o chão abaixo de mim, o chão que eu estava pisando a pouco ser consumido em chamas. O dragão estava ali.
[Continua]
--Créditos--
Autor: Rudigu
Co-Autor: L.Maverick
Divulgado por: Mistérios Nerd
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